Canecão pode ter tombamento cancelado e voltar a ser espaço cultural

O local onde por 43 anos funcionou a casa de espetáculos Canecão, no Rio de Janeiro vai poder ser, novamente, um espaço cultural. Em sessão da Assembleia Legislativa do Estado do no Rio de Janeiro (Alerj0, deputados estaduais cancelaram o tombamento do Canecão, que ocorreu em 1999, para preservar o seu valor histórico.

A casa de shows foi criada em 1967 pelo empresário Mário Priolli como uma cervejaria e se transformou em palco de sucesso com apresentações de artistas nacionais e internacionais. A estreia foi em 1969 com a cantora Maysa. Depois de se tornar o palco desejado pelos artistas, a casa foi alvo de longo período de disputa. Em 2009, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conseguiu a reintegração de posse do local e a família Priolli foi afastada da administração do Canecão.

Desde 2010, quando foi fechado, o lugar que fez história na música popular brasileira (MPB), ao abrigar shows com cantores e compositores como Roberto Carlos, Martinho da Vila, Cazuza, Maria Bethânia, Chico Buarque, Marisa Monte, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Toquinho e Miúcha,acabou se deteriorando e hoje está em escombros.

Votação

No início da votação, foram apresentadas quatro emendas parlamentares, mas, como não havia discordâncias entre os deputados sobre o destombamento, o presidente da Alerj, André Ceciliano, que coordenava a sessão, pediu que fossem elas retiradas para garantir a aprovação mais rápida. Ceciliano, que é autor do projeto junto com o deputado Rodrigo Amorim, lembrou que existe um acórdão do Tribunal de Contas da União pedindo à UFRJ que se manifeste sobre a destinação do imóvel e providências para que seu uso estivesse em consonância com o interesse público. Segundo Ceciliano, o TCU determina ainda no acórdão que haja uma casa de espetáculos de 1.500 lugares na área onde está localizado o imóvel. O deputado alertou que isso não poderia ser cumprido sem o destombamento.

O projeto foi aprovado por votação simbólica e agora vai à sanção ou veto do governador Wilson Witzel, que terá 15 dias para a decisão. Rodrigo Amorim disse  acreditar na sanção da lei pelo governador. “Uma vez sancionada, a lei já entra em vigor e pode-se dar o segundo passo, que é justamente a discussão de qual será a destinação, seja administração via UFRJ através do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], seja na hipótese que eu defendo, que é a estadualização com o governo do Rio de Janeiro desenvolvendo projeto de parceria público-privada”, afirmou.

Para Ceciliano, a licitação poderá atrair investimentos. “Trata-se de uma concessão que o BNDES está modelando junto com o Banco Fator, que é o líder dessa modelagem. Poderá vir a ser consituído um fundo de investimento imobiliário ou, propriamente dita, uma concessão das áreas. São 460 mil metros quadrados. Isso é bom para atrair investimento, construção civil, gerar emprego”, disse o deputado durante a votação.

Em troca, a universidade teria investimentos em uma unidade hospitalar, na construção de novos prédios, laboratórios, restaurante universitário, residência estudantil e com o equipamento cultural. “Está bem bacana, está bem bonitinho o projeto. Vou fazer um apelo porque, logicamente, se mantivermos as emendas, perde-se o objeto”, acrescentou. Ceciliano destacou que serão 50 anos de cessão do imóvel, que depois se integrará ao patrimônio da UFRJ.

Ceciliano lembrou que ainda não é garantido que a casa mantenha o nome Canecão, que é privado, mas, para o deputado Luiz Paulo, esta é uma marca que deve continuar. “Batizou-se o Maracanã, com justa homenagem, como Estádio Mário Filho. mas, para o povo, continua Maracanã. A marca é Maracanã. A marca é Canecão”, afirmou Luiz Paulo.

 

Edição: Nádia Franco
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